Jon "maddog" Hall é o responsável pelo porte do Linux a outras plataformas além do padrão IBM-PC. Ao fazer com que a Digital enviasse para a Finlândia um computador com um processador Alpha, ainda em 1994, "maddog" deu início a um processo que, dentre outras coisas, fez com que o Linux esteja hoje presente em telefones celulares, sistemas embarcados, robôs e brinquedos. Além disso, "maddog" é um apaixonado pelo Brasil, país onde espera tornar reais alguns de seus sonhos.
Nesta entrevista exclusiva à Latinoware, "maddog" fala sobre as mudanças que viu em nosso país desde a primeira vez que esteve aqui, sobre a evolução do Linux e sobre a criação de emprego e renda.
Latinoware: Esta é a sétima edição da Latinoware, um evento que você ajudou a iniciar. Desde que você veio pela primeira vez ao Brasil, qual é a principal mudança que você notou em termos da adoção do software livre em nosso país?
Jon "maddog" Hall: Eu vim para o Brasil pela primeira vez em 1996. Naquele momento, o único lugar que eu realmente visitei foi São Paulo e a Universidade de São Paulo. A USP tinha um sistema de alto desempenho Beowulf, um cluster de computadores Linux, e o estava usando para a geração de gráficos computadorizados em tempo real e desenvolvendo, ao mesmo tempo, estudos de imagens de ressonância magnética. Eu penso que a maior mudança foi a adoção de software livre por empresas comerciais, grandes e pequenas, como uma coisa "normal" a ser feita.
LW: Quando você enviou as máquinas Alpha para o Linus, você tinha consciência de estar iniciando um imenso esforço de porte do Linux para outras plataformas?
MD: Sim, mas isto era algo que tinha que ser feito. Se o Linus tivesse ficado apenas com a plataforma x86 talvez nós não tivéssemos hoje o porte para os processadores ARM, Motorola, e teríamos que esperar muito mais tempo para o suporte a processadores de 64 bits. Isto não quer
dizer que outros portes não teriam sido feitos (e eles foram) fora do eixo principal do kernel, mas eu sinto que ter o código-fonte para os três principais processadores ajudou na manutenção dos vários outros kernels. O porte do Linux para o Alpha não apenas forçou o sistema a ir para uma arquitetura de 64 bits em 1995, mas garantiu que todos os "Intelismos" no código fossem devidamente tratados.
dizer que outros portes não teriam sido feitos (e eles foram) fora do eixo principal do kernel, mas eu sinto que ter o código-fonte para os três principais processadores ajudou na manutenção dos vários outros kernels. O porte do Linux para o Alpha não apenas forçou o sistema a ir para uma arquitetura de 64 bits em 1995, mas garantiu que todos os "Intelismos" no código fossem devidamente tratados.
LW: Você sempre preocupou-se com modelos de negócios viáveis para o software livre, com o uso do software livre para a geração de emprego e renda. Hoje você está trabalhando fortemente na disseminação do Projeto Cauã. Este é um sonho tornado real para você?
MD: O Projeto Cauã será o meu sonho tornado real quando ele criar milhões de empregos e as pessoas acatarem as promessas de economia de eletricidade e respeito ao meio ambiente do projeto ao mesmo tempo em que ele cria uma "bolha" de conectividade gratuita e sem fio que irá ajudar a resolver questões de inclusão digital. Até lá, o Projeto Cauã é mais um bocado de trabalho para uma pessoa que já trabalha bastante.
Fonte: Latinoware
Nenhum comentário:
Postar um comentário