domingo, 19 de setembro de 2010

“Maddog” fala sobre a evolução do Linux e a geração de emprego e renda

Jon "maddog" Hall é o responsável pelo porte do Linux a outras plataformas além do padrão IBM-PC. Ao fazer com que a Digital enviasse para a Finlândia um computador com um processador Alpha, ainda em 1994, "maddog" deu início a um processo que, dentre outras coisas, fez com que o Linux esteja hoje presente em telefones celulares, sistemas embarcados, robôs e brinquedos. Além disso, "maddog" é um apaixonado pelo Brasil, país onde espera tornar reais alguns de seus sonhos.
Nesta entrevista exclusiva à Latinoware, "maddog" fala sobre as mudanças que viu em nosso país desde a primeira vez que esteve aqui, sobre a evolução do Linux e sobre a criação de emprego e renda.
Latinoware: Esta é a sétima edição da Latinoware, um evento que você ajudou a iniciar. Desde que você veio pela primeira vez ao Brasil, qual é a principal mudança que você notou em termos da adoção do software livre em nosso país?
Jon "maddog" Hall: Eu vim para o Brasil pela primeira vez em 1996. Naquele momento, o único lugar que eu realmente visitei foi São Paulo e a Universidade de São Paulo. A USP tinha um sistema de alto desempenho Beowulf, um cluster de computadores Linux, e o estava usando para a geração de gráficos computadorizados em tempo real e desenvolvendo, ao mesmo tempo, estudos de imagens de ressonância magnética. Eu penso que a maior mudança foi a adoção de software livre por empresas comerciais, grandes e pequenas, como uma coisa "normal" a ser feita.
LW: Quando você enviou as máquinas Alpha para o Linus, você tinha consciência de estar iniciando um imenso esforço de porte do Linux para outras plataformas?
MD: Sim, mas isto era algo que tinha que ser feito. Se o Linus tivesse ficado apenas com a plataforma x86 talvez nós não tivéssemos hoje o porte para os processadores ARM, Motorola, e teríamos que esperar muito mais tempo para o suporte a processadores de 64 bits. Isto não quer
dizer que outros portes não teriam sido feitos (e eles foram) fora do eixo principal do kernel, mas eu sinto que ter o código-fonte para os três principais processadores ajudou na manutenção dos vários outros kernels. O porte do Linux para o Alpha não apenas forçou o sistema a ir para uma arquitetura de 64 bits em 1995, mas garantiu que todos os "Intelismos" no código fossem devidamente tratados.
LW: Você sempre preocupou-se com modelos de negócios viáveis para o software livre, com o uso do software livre para a geração de emprego e renda. Hoje você está trabalhando fortemente na disseminação do Projeto Cauã. Este é um sonho tornado real para você?
MD: O Projeto Cauã será o meu sonho tornado real quando ele criar milhões de empregos e as pessoas acatarem as promessas de economia de eletricidade e respeito ao meio ambiente do projeto ao mesmo tempo em que ele cria uma "bolha" de conectividade gratuita e sem fio que irá ajudar a resolver questões de inclusão digital. Até lá, o Projeto Cauã é mais um bocado de trabalho para uma pessoa que já trabalha bastante.

Fonte: Latinoware

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